quarta-feira, 20 de julho de 2011

Mudanças

Olá denovo =D

Estava eu dando uma vasculhada nos posts antigos do blog, e percebi como minha mente mudou em tão pouco tempo. Em 1 ano de poucas postagens, meus assuntos variaram de World of Warcraft, ocultismo até ratos de laboratório.
Isto significa que, ou estou amadurecendo meu pensamento, ou tô ficando pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista).

Pra entrar no clima de mudança, vou escrever aqui uma história criada neste mesmo momento em tempo real pra vocês:

Era sete horas da manhã de uma quinta-feira. Acordo de mais uma noite de sono pra viver mais um dia, contudo, esse dia não será como os outros.
Caixas e mais caixas rodeiam minha cama, como se dançassem ao som do vazio num ritual onde o centro de suas preces eram apenas e simplesmente eu. Ao acender a luz do meu quarto semi-claro, começo a perceber movimentos lá fora e muita empolgação.

Ao levantar, sigo a mesma rotina de sempre; colocar o chinelo, banheiro, dentes, água no rosto, toalha, cozinha. Mas algo me toma atenção: tudo está fora do lugar. De uma certa forma, bagunçado, mas se for reparar bem, de verdade, organizado. Caixas e caixas irmãs daquelas outras caixas que continuavam praticando o ritual - só que desta vez em volta da minha cama - invadiram minha casa. Seguiam em grupos, às vezes em filas indianas, levando tudo o que era de mais necessário - ou não - do meu lar.

Depois de muito refletir, cheguei à conclusão de que eram... caixas gatunas! Uma gangue!
As outras caixas, irmãs primeiras que estavam em meu quarto, rodeando minha cama só poderiam estar lá para desviar minha atenção ao que estava acontecendo lá fora, pois eram as únicas que ainda não estavam cheias de coisas! É claro! Agora que saí de lá elas com certeza vão pegar todos os meus pertences!

Quando volto ao meu quarto - eu precisava conferir se minha reflexão estava certa - descubro que as caixas tinham comparsas que, para mim, eram fora de suspeita. Fico chocado, imóvel, inerte, parado. Não sei o que fazer.

Sabe como é. Não é fácil descobrir que minha família - mãe, pai, e irmãs - faz parte de uma gangue de caixas gatunas.

Depois do choque passar e eles ficarem me olhando com cara de "não é nada disso que você está pensando", resolvi agir, já que não tinha tempo de chamar a polícia. Uma por uma, fui removendo das mãos daquelas caixas ladinas todos os objetos que haviam subtraído da minha casa com ajuda dos meus parentes.
A última parte de "fazer justiça com as próprias mãos" era acabar com a guangue, que se encontrava reunida em meu quarto.

Cheguei de sopetão, e lancei a frase do século: - Meu nome é Bond. James Bond.

Eles tremeram na base, e não perceberam que eu não era o cara. Mesmo assim não se renderam.

Suas faces mudaram, estavam ficando cada vez mais nervosos. Um grupo de caixas que estava próximo aos meus pés atrapalharam meu movimento de evasão de ré - andando pra trás - e me fizeram cair. Eles se aproximavam cada vez mais, com sangue nos olhos, aliás, com tanto sangue nos olhos que uma agulha com certeza explodiria suas órbitas só de chegar perto. Quando finalmente se aproximaram de mim, lançaram de súbito um ataque mortal, também comumente chamado de "O Montinho".

Restei sem defesas, sufocado. Vi que minha vida terminaria alí.

Quando meu último fôlego veio aos pulmões...

- FILHO! Acorda e levanta logo pra ajudar na mudança, se não seu pai vai aí te pegar!

Eita sonho estranho =P

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Comentários sobre a vida de um camundongo

Curiosamente estava eu pensando hoje como será que um camundongo reflete sobre sua vida.

Consequentemente cheguei à conclusão que animais irracionais não refletem sobre suas vidas, ou talvez não. Mas se for parar pra pensar, deve passar alguma coisa na cabeça deles. Vamos pensar num ratinho cobaia de laboratório.

Imagine a seguinte situação: o bichinho tá lá, no seu lar doce lar (gaiola), vendo um monte de gente com jaleco branco, andando pra lá e pra cá com ruguinhas de preocupação na testa e emitindo sons estranhos (palavras que até mesmo um ser humano comum custa a entender).
Como não há nada mais de interessante pra fazer, o nosso herói realiza um feito épico: corre incessantemente e de modo soberano na sua rodinha, se preparando fisicamente para o que virá daqueles seres estranhos "enjalecados" e emissores de sons esquisitos.

Depois de muito se exercitar e pensar que está forte o suficiente para enfrentar aqueles monstros, dá uma pausa e se dirige ao depósito de suprimentos (tigelinha de ração ou semente de girassol) e estoca uma quantidade razoável de comida em suas bochechas para passar alguns dias fora de seu lar sem sofrer de inanição.

Tendo se preparado para o confronto final com os seres alienígenas de branco, aguarda ansiosamente pelo desfecho de todo aquele vai-e-vem provocado por estes.

Até que um dia, o momento que ele aguardava chega. Os seres estranhos "enjalecados" - desta vez com óculos grandes e transparentes - se aproximam da sua casa, com suas expressões apreensivas - e as já bastante conhecidas ruguinhas de preocupação na testa - e abrem a porta. Uma grande mão branca emborrachada se aproxima cada vez mais do bichinho. Ele corre desesperadamente para o canto mais afastado de sua casa a fim de evitar seu destino. Suas tentativas de escapar se tornam cada vez mais inúteis, pois outra mão emborrachada inicia sua entrada na casa para auxiliar a captura. Grunhidos de desespero são ouvidos. O bichinho é pego pelas mãos emborrachadas, mas a batalha não acabou. Ele utiliza seus músculos super trabalhados na rodinha para tentar se desvencilhar do agarrão mortal das mãos emborrachadas, empurrando-as com toda sua força e vontade, mas não adiantou, pois seu inimigo possui uma força estrondosa comparado a ele. Então resolve utilizar uma arma muito conhecida dos alienígenas brancos: os dentes.
Inicia uma série de mordiscadas na mão emborrachada, que reage com espanto e libera o camundongo, que logo inicia uma fuga, já que caíra em cima de uma superfície plana e branca, comumente conhecida como "mesa" pelos alienígenas brancos.

Antes de correr desesperadamente por sua vida, repara num buraco que deixara na mão emborrachada após seu combo de mordiscadas, revelando algo por baixo daquela branquidão toda: um punhado de carne.
Aqueles seres são feitos da mesma coisa que o bichinho é feito, portanto podem ser feridos igualmente a ele.

O bichinho corre pela mesa, liberando todo seu estoque de sementes de girassóis que havia guardado na bochecha, a fim de aumentar sua velocidade. De repente surgem outras mãos emborrachadas e mais alienígenas enjalecados para auxiliar o par de luvas já machucados.

Num súbito de instinto de sobrevivência, o ratinho pula da mesa iniciando uma grande queda que pode acabar com sua vida, ou dar um novo fôlego a ela.
Quando está próximo a encontrar-se com o chão, sua queda é amortecida, mas não por um colchão ou algo inanimado, e sim por uma das mãos emborrachadas.
Como uma última tentativa de escapar, ele começa a cuspir o que sobrou da sua reserva de alimento, a fim de tentar deixar os alienígenas espantados com tamanha habilidade de estocagem de suprimentos. Não deu certo.

Após sua captura, as únicas coisas que ele se lembra são uma grande agulha, uma picada dolorida e a escuridão tomando conta dos seus olhos.

Acorda no dia seguinte com uma leve dor de cabeça, porém sente que sua audição está melhor do que jamais tivera. Olha para todos os lados e se sente confortável por saber que está em sua casa. Sua rodinha de exercícios está intacta, como deixara no dia anterior. A palha ainda está quente e percebe uma porção extra de ração depositada em sua tigela.

Realmente não consegue entender o que aconteceu, mas ainda está intrigado com a sua atual "super audição".
Levanta da palha quente e sente que seu peso aumentou e seu equilíbrio está afetado. Caminha até a tigela de água e vislumbra seu reflexo. Percebe que há uma protuberância anormal em suas costas, surgindo acima de sua cabeça. A preocupação aumenta cada vez que ele se empina nas patas dianteiras a fim de tentar desvendar o que é aquilo. Quando finalmente consegue, fica atônito. Seu coração pulsa acelerado, mais ainda do que pulsava quando ganhou certa feita a companhia de uma linda "camundonga" por quem nutriu uma paixão avassaladora e sete filhotinhos.

Havia um aparelho auditivo alienígena em suas costas, provavelmente inserido alí pelos procedimentos cirúrgicos duvidosos daqueles seres enjalecados de mãos brancas.

A partir daí seu futuro, que já era incerto, se tornou uma incógnita elevada ao infinito.